A lenda de SANTA JOANA PRINCESA

 

Lenda de Santa Joana Princesa    

       A princesa D. Joana, filha do rei Afonso V, revelou desde muito tenra idade uma grande vocação religiosa. Esta filha primogénita, apesar de ser obrigada a viver na Corte pela sua posição, afastava-se o mais possível de festas e convívios e passava grande parte do seu tempo a rezar e a meditar. A princesa era, dizia-se, muito bela e teve muitos pretendentes, entre estes muitas cabeças coroadas, mas a todos recusou alegando a sua intenção de se tornar freira. Com a autorização real, entrou D. Joana para Odivelas, mudando-se mais tarde para o Convento de Santa Clara de Coimbra, mas acabando por resolver professar no Convento de Jesus, em Aveiro. Esta última decisão foi contestada tanto pelo rei como pelo povo, dado que o Convento de Jesus era muito pobre e, na opinião geral, indigno de uma princesa. Por outro lado, o povo discordava da vocação da princesa e não queriam que ela professasse. Perante tanta discórdia D. Joana decidiu não professar, mas declarou que usaria o véu de noviça para sempre e insistiu em ingressar no Convento de Jesus, vivendo na humildade e na pobreza e aplicando as rendas que possuía no socorro dos pobres. A sua caridade era tão grande que depressa ficou conhecida como santa. Mas a bela princesa adoeceu de peste e morreu em grande sofrimento. Quando o seu enterro passou pelos jardins do convento deu-se um facto insólito: as flores que ela havia tratado em vida caiam sobre o seu caixão prestando-lhe uma última homenagem. A Natureza parecia, assim, chorar também a morte da Princesa!… Após este primeiro milagre, muitos outros foram atribuídos a Santa Joana Princesa, levando a que, duzentos anos depois, o Papa Inocêncio XII concedesse a beatificação a esta infanta de Portugal.

 

A Padeira de Aljubarrota (…de Faro)

  

 

 

   Brites de Almeida não foi uma mulher vulgar. Era feia, grande, com os cabelos crespos e muito, muito forte. Não se enquadrava nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino, o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da vida. Nasceu em Faro, de família pobre e humilde e em criança preferia mais vagabundear e andar à pancada que ajudar os pais na taberna de donde estes tiravam o sustento diário. Aos vinte anos ficou órfã, vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao caminho, andando de lugar em lugar e convivendo com todo o tipo de gente. Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente. Apesar da sua temível reputação houve um soldado que, encantado com as suas proezas, a procurou e lhe propôs casamento. Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, impôs-lhe a condição de lutarem antes do casamento. Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites fugiu de barco para Castela com medo da justiça. Mas o destino quis que o barco fosse capturado por piratas mouros e Brites foi vendida como escrava. Com a ajuda de dois outros escravos portugueses conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira. Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira em Aljubarrota e casou-se com um honesto lavrador…, provavelmente tão forte quanto ela.

O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza. Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército português que naquele dia derrotou o invasor castelhano. Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho ruído: dentro do forno estavam sete castelhanos escondidos. Brites pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali. Tomada de zelo nacionalista, liderou um grupo de mulheres que perseguiram os fugitivos castelhanos que ainda se escondiam pelas redondezas. Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do seu lavrador mas a memória dos seus feitos heróicos ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal. A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto.

  (Lendas de Portugal/ Net)

É pecado com certeza!…

            

           Esta lenda vai direitinha para Anúbis Domain, que vive numa terra maravilhosa, que tem um vulcão "espectacular",
 adormecido há 50 anos…
 
    Sentada à sombra de uma árvore, Maria quase não respirava com medo de que os outros se apercebessem de como estava feliz. Bendito o homem que convencera o pai a levá-las para ali. Nunca pensou que fosse gostar tanto de viver numa ilha e, perguntava a si própria se todas as ilhas do Mundo seriam assim tão bonitas!
  Tinham chegado do Continente havia pouco tempo. O pai, a mãe e mais 6 irmãs.
  João Grilo, assim se chamava o chefe daquela família, vivia triste e infeliz numa aldeia das Beiras. A terra não dava nada e nem sequer tinha um rapaz que o ajudasse. Deus só lhe tinha dado filhas.Alimentar tanta gente…
  Depois de muito magicar, decidiu que casaria 3 e mandaria 4 para o Convento. Maria foi a primeira a partir, deixando a mãe e as irmãs num vale de lágrimas.
  Quando chegou ao Convento até gostou, mas depois a vida complicou-se…tudo o que fizesse atraía sermões infindáveis, castigos e penitências de acordo com uma lista de pecados que parecia não ter fim…Se não acordasse ao primeiro toque era PREGUIÇA, se comia com prazer era GULA, se falava nas irmãs era INVEJA…
  De noite, chorava baixinho e pedia a Deus que a tirasse dali. Tanto pediu que foi ouvida!
  Um vizinho convencera o pai a integrar o primeiro grupo de colonos que ía partir para os Açores. Ele tratou de vender as terras, mas  a mulher impôs uma condição –  tirar Maria do convento e levá-la também.Ele não teve outro remédio…Embarcaram todos, levando apenas a arca dos enxovais, um machado, duas foices, uma sachola, quatro galinhas, duas ovelhas e uma ninhada de cachorros.
  Agora estavam ali a viver, à beira-mar, numa cabana feita de troncos; tudo o que precisavam tinham de fazer porque não havia nada! A mãe sentia saudades das feiras, das festas, das procissões…O pai dizia-lhe: _"SANTO CRISTO, mulher, dá tempo ao tempo…aqui tambem vai haver isso tudo"…  As raparigas reclamavam: "_Trouxemos os enxovais para casar com quem?", ao que o pai respondia que estavam para chegar muitos noivos portugueses e estrangeiros…
  Só Maria não dizia nada. Fechada no seu silêncio, saía de casa logo de manhãzinha e, corria pelos campos descobrindo pássaros que lhe vinham comer à mão, árvores e flores muito diferentes das que conhecia, frutas espinhosas…Durante algum tempo, limitou-se só a namorá-las… Depois, veio um dia em que se atreveu a apanhar uma que não comeu logo com medo que lhe ralhassem…
  Nessa manhã, decidira-se a provar. Instalou-se numa pedra e com uma faca foi cortando a casca, com gestos cautelosos para não se magoar nos picos. Por dentro a fruta era tenra e o sumo escorria. Impossível resistir mais! Era doce como o mel, tinha um cheiro suave e adocicado. Deliciada comeu quase tudo. Eis senão quando vê surgir a irmã mais velha…engasgou-se e gaguejou:" _Tu?…" perguntou aflita. _"O que tens rapariga, parece que viste o diabo, ficáste tão atrapalhada…mas porquê tudo isso?…questionou-a a irmã.
  _É que estou comendo este fruto e acho-o tão bom que… SÓ PODE SER PECADO!…
 
     Texto adaptado: Viagens e Aventuras/ Descobrimentos Portugueses  – CAMINHO